Recorte de Sustentando a Insustentabilidade
Sobre a economia
– O documento está assentado no pressuposto de que a economia é algo auto evidente e que não comporta múltiplas leituras, o que pode nos conduzir a caminhos muito diferentes dos explicitamente pretendidos.
Enfim, uma cultura que dá primazia à economia e, sobretudo à economia mercantil, que expressa a riqueza em termos simbólicos quantitativos (dinheiro) passa a não ver limites aos seus objetivos quando consegue dominar uma forma de energia que parecia não ter limites e oferecer as condições materiais para a dominação da natureza. Não sem sentido, nesse “magma de significações imaginário” (Cornelius Castoriadis), a idéia de progresso e, mais tarde, a de desenvolvimento, se confundem com a idéia de “dominação da natureza”.
Sobre a erradicação da pobreza.
Mais que erradicar a pobreza é de outro sentido de riqueza e da partilha da riqueza existente que se deve debater.
Sobre o destaque ao “setor privado” e às grandes empresas
Coerentemente com sua ênfase na economia o documento privilegia e destaca a importância do setor privado.
Chama a atenção o fato do conceito de comunidade só ter sido invocado uma única vez6 e, assim mesmo, para se referir às comunidades indígenas das montanhas (item 94) não tendo merecido o mesmo destaque que o “setor privado” e as “grandes empresas”.
Sobre o jogo das escalas e a questão das territorialidades
A análise do item anterior nos remete a questões de fundo de interesse do campo ambiental, ou seja, a questão das escalas e das territorialidades.
Fizeram aparecer o
“colonialismo interno” que desqualifica o diferente como tendo folklore e não cultura ou tendo dialeto e sotaque e não uma língua propriamente dita.
Há vários estudos que registram a associação entre o desaparecimento de línguas e a perda da diversidade biológica. Assim, há que se fazer referência explícita no documento aos direitos desses povos e comunidades a seus territórios pela