Instrumentos do conhecimento
PRIMEIRA PARTE - Lógica formal
Os animais se dividem em: a) pertencentes ao imperador, b) embalsamados, c) domesticados, d)leitões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães em liberdade,h) incluídos na presente classificação, i) que se agitam Como loucos, j) inumeráveis, k) desenhados com um pincel muito fino de pêlo de camelo, l) et coetera, m) que acabara de quebrar a bilha, n) que de longe parecem moscas. (Jorge Luis Borges apud Foucault1)
1.
INTRODUÇÃO
Passado o riso ou o espanto, podemos perceber que a classificação em epígrafe nos incomoda porque nau pudemos pensá-la. Diante da mistura de assuntos, tentamos "pôr ordem na casa", restabelecendo um critério único. Queremos aproximar e distinguir os amimais pelas suas semelhanças e diferenças, buscando a coerência de princípio. Isso significa que, ao compreender a realidade, procuramos formas corretas para pensá-la. Vimos que a filosofia, no correr dos séculos, sempre se preocupou com o conhecimento, formulando a esse respeito várias questões: qual a origem do conhecimento? Qual a sua essência? Quais os tipos de conhecimento? Qual o critério da verdade? é possível o conhecimento? Neste capítulo veremos como a lógica trata do assunto referente ao conhecimento. Etimologicamente lógica vem do grego logos, que significa "palavra", "expressão", "pensamento , "conceito". "discurso", "razão". Vejamos como a lógica se ocupa com a razão e o pensamento. A ela não interessa nenhuma das perguntas formuladas acima, mas apenas investigar a validade dos argumentos e dar as regras do pensamento correto. A lógica é. portanto, uma disciplina propedêutica, é o vestíbulo da filosofia, ou seja, a ante-sala, O instrumento que vai permitir o caminhar rigoroso do filósofo ou do cientista.
2.
INFERÊNCIA E ARGUMENTO
Chamamos inferência ao processo pelo qual chegamos a uma conclusão. Trata-se de um processo explicável pela psicologia, com o auxílio da qual constatamos que o conhecimento é