Instituição
A experiência religiosa (religiosidade) é mais do que um simples fenômeno. É antes de tudo um modo primário do indivíduo que emerge a partir da própria consciência que o ser humano é um ser finito, limitado, imperfeito, e se descobre num mundo que não criou e cujo sentido desconhece. É desenvolvida através de uma busca pessoal e nunca por imposição. Pode se manifestar através da crença de uma fé e ritos, como também pode se manifestar em outras atitudes não diretamente relacionadas com uma religião. A religiosidade não tem a pretensão de exercer uma influência social, pois chega ao ser humano como resposta às questões existenciais da vida, trazendo referenciais que transcendem a sociedade. Está muito mais associada a vivências particulares, como os fenômenos sobrenaturais, que despertam os homens e mulheres para outras dimensões da realidade.
Quando a experiência religiosa é experimentada de forma coletiva surge a religião. A religião é uma manifestação coletiva, geradora de fortes sentimentos de identidade entre os seus membros, gerando assim uma unidade (Budismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, etc.). Contudo, quando no seio da coletividade tentamos “aprisionar” a experiência religiosa, limitando ou regulamentando, colocando-a sob custódia, inicia-se então o processo de institucionalização da mesma.
A instituição religiosa, ao contrário da experiência religiosa, procura não apenas manter seus ritos, mas também influenciar o curso dos acontecimentos sociais garantindo a sua perpetuação, expansão, e manutenção da ortodoxia por intermédio dos dogmas, da tradição e manipulação do poder. Afirmando ter a solução dos problemas existenciais do ser humano, oferece um contexto em que o indivíduo sente-se protegido (psicologicamente ou materialmente), conseguindo projetar seus conflitos mal resolvidos para uma ordem simbólica (criando uma situação de dependência); torna-se, portanto, o refúgio ideal de muitas