Inibição intelectual sob o olhar da psicanálise
Paula Eli Toldo²
Tania Maria Filiu de Souza³
RESUMO: A ocorrência de casos de dificuldades de aprendizagem e outros problemas ligados aos processos escolares têm sido cada vez mais frequentes nos consultórios psicológicos, onde mesmo observado a integridade cognitiva se constata que a criança não consegue aprender. O presente estudo pretende explorar esta questão fazendo uma interface entre a psicanálise e a psicopedagogia a partir de contribuições de autores como PAÍN, FERNÁNDEZ, FREUD E KLEIN, utilizando metodologia qualitativa de cunho bibliográfico. Conclui-se que as teorias e técnicas pedagógicas tendem a extinguir o sintoma e o estabelecimento, ou re-estabelecimento da capacidade do sujeito de aprender. Já a psicanálise visa promover o desenvolvimento psíquico do sujeito para que ele construa sua neurose e encontre sua posição frente ao outro. Apesar se divergentes no manejo, as duas concepções propõem uma escuta, pois acreditam que por trás do não-aprender há um sujeito que sofre e precisa ser compreendido.
PALAVRAS-CHAVE: 1.Inibição intelectual. 2.Psicanálise. 3.Psicopedagogia.
INTRODUÇÃO
A ocorrência de casos de dificuldades de aprendizagem e outros problemas ligados aos processos escolares têm sido cada vez mais frequentes nos consultórios médicos e psicológicos. É cada vez maior o numero de crianças que chegam encaminhadas pelas escolas para diagnóstico e acompanhamento, cuja queixa principal é a incapacidade de aprender.
É percebido um problema, a escola não sabe exatamente o que fazer e esses profissionais são convidados a dizer e fazer algo. A instituição escolar toma consequência por causa, configurando e nomeando a patologização do sujeito-mau-aprendiz, em vez de tomá-lo como indicador da urgência da problematização. Tal modo de funcionamento se faz notar neste insuperável fluxo de encaminhamentos de escolares para os serviços de saúde mental.