Infância
a) Contextualização
Marcos é o terceiro filho de família que, na época de elaboração dos desenhos, residia em casa térrea, isto é com um único pavimento, como a maioria das construções da pequena cidade brasileira Tremembé, no interior de São Paulo. Dessa maneira, a vivência de Marcos em relação a edifícios de vários andares era restrita a situações de visitas a parentes residentes em cidades maiores, geralmente nas férias escolares. Numa dessas ocasiões, a família ficou hospedada em um apartamento no oitavo andar de um edifício no centro de uma grande cidade (Curitiba, Paraná). No retorno ao dia-a-dia familiar, a criança se mostrou profundamente impressionada, manifestando isto numa série de desenhos.
Desenhar era atividade habitualmente realizada pela criança, em companhia dos irmãos e da mãe. As crianças utilizavam geralmente o verso de grandes folhas de papel (usado originalmente para impressora e reservado para rascunho), que eram dobradas ao meio para o armazenamento. Às vezes as folhas eram divididas em duas.
b) Metodologia
As fontes de evidência foram constituídas pelo produto e pela observação do comportamento verbal durante o processo. A coleta de dados resultou da seleção do registro de material emergente em situações do cotidiano familiar, focalizando o tema “prédio”. A análise dos dados foi realizada a partir dos pressupostos construtivistas.
c) Coleta e seleção de dados
O material coletado foi selecionado de grande conjunto, elaborado por vários anos. Selecionou-se para este estudo desenhos produzidos em cinco momentos. O primeiro momento, em agosto de 1988, logo após o retorno da viagem, marca o início da apresentação do tema. O segundo momento apareceu em novembro, 3 meses depois. O terceiro e o quarto no mês seguinte. O quinto momento surgiu em setembro do ano seguinte, portanto nove meses depois. Assim, acompanhou-se o processo