Infância e criança

Muitas vezes não é feita a distinção entre as palavras “infância” e “criança”, por estarem de certa forma relacionadas. Porém, cada uma delas possui seus significados particulares. É possível percebermos claramente essa ligação, juntamente com suas especificidades, na visão que KUHLMANN e FERNANDES (2004) nos passam acerca desses conceitos ao colocarem que podemos “compreender a infância como a concepção ou a representação que os adultos fazem sobre o período inicial da vida, ou como o próprio período vivido pela criança, o sujeito real que vive essa fase da vida.” Nesse sentido, Javeau destaca a criança com suas características individuais, como um sujeito em si, que por sua vez está “destinado a passar por níveis diversos e sucessivos na aquisição de competências, cada um deles constituindo uma etapa na fabricação da personalidade dos indivíduos.” (JAVEAU, 2005) Em relação à infância, esta é vista como uma categoria geracional separada do adulto que merece mais atenção e melhor condição de vida sob a ótica de SARMENTO E CERISARA (2004), ao afirmarem ser ela “o grupo geracional que, nas condições actuais da globalização hegemônica, é mais (e mais progressivamente) afectado pelas condições de desigualdade, pela pobreza, pela fome, pelas guerras, pelos cataclismas naturais e pela SIDA e outras doenças.” Porém tal visão (a qual se encaixa no contexto atual e é compartilhada por vários outros autores) e tal preocupação com seus significado e reconhecimento teórico e prático vêm confrontar a origem da palavra infância, que em latim, quer dizer sem linguagem. Em outras palavras, não ter linguagem significa não ter pensamento, não ter conhecimento, não ter racionalidade, sendo a criança – sujeito, como já foi dito, que vive essa fase – um ser menor, alguém a ser adestrado, a ser moralizado, a ser educado. Seguindo a etimologia do termo infância vem-se tentando reconstruir sua história ao longo do tempo, em que os sujeitos dessa reconstrução não são os próprios