Infarto agudo do miocardio
Drauzio - O estresse também é indicado como um dos fatores responsáveis pelo infarto. No entanto, como não ficar estressado se vivemos numa cidade caótica, trabalhando mais de 12 horas por dia?
Edson Stefanini – Inúmeras são as manifestações orgânicas provocadas pelo estresse. Além de úlcera, hipertensão, queda de cabelo, o estresse pode aumentar a probabilidade de manifestação das doenças coronarianas, desde que associado a outros fatores de risco. Muitos me perguntam se estresse pode causar morte súbita por infarto. De certa forma, ele pode ser o empurrãozinho que faltava. Se já existia predisposição anterior em virtude da existência dos outros fatores, estresse muito violento pode ser fatal. Por isso, como medida preventiva, a orientação dada aos pacientes é evitar situações que habitualmente provoquem tensão. Não é fácil, mas é possível. Organizar melhor os horários, tentar resolver os problemas pendentes, deixando de lado os que não conseguimos resolver, talvez seja um bom começo.
Drauzio - Diante de uma pessoa evidentemente estressada, quantas vezes não recomendei que tirasse férias, se afastasse dos problemas, procurasse viver mais tranquila. Recomendei o que não faço, porque é difícil ficar indiferente ao que se passa ao redor. Entretanto, o estresse é um mecanismo criado pela natureza visando à sobrevivência e a teoria da evolução explica por que não desapareceu. Quem não se estressava ficava olhando o leão aproximar-se e era comido por ele. Hoje, a ameaça não se reduz a momentos esparsos de grande tensão. Transformou-se no cerco diário representado por contas a pagar, promissórias a serem quitadas, cara feia do chefe, desentendimentos familiares e violência urbana. Esse estado de pressão permanente acelera o pulso, a frequência cardíaca e piora a irrigação do miocárdio. Que peso tem o exercício físico para reduzir o estresse já que não se consegue evitar as atribulações do dia a dia?
Edson Stefanini – A experiência clínica tem