Suicídio assistido e Eutanásia
Manifestar opinião sobre a descriminalização da eutanásia é algo muito sensível e até mesmo perigoso, afinal, trata-se de algo que lida diretamente com a vida humana, ou numa forma mais clara de dizer, com o fim dela. Vivemos em um país onde um dos maiores princípios, ou digamos que seja o maior, é o de garantir e defender a vida. Aí entra o conflito com uma realidade onde homens em situação de saúde debilitada optam por colocar um fim no sofrimento físico antecipando a própria morte. O filme “Você não conhece Jack” expõe essa situação de forma muito realista, colocando em questão um médico que se propõe a ajudar pessoas a colocarem um fim em suas vidas, devido a estarem acometidas por doenças graves ou por fortes sequelas que as impedem de viverem normalmente, seja por deficiência neural ou por qualquer mal físico que as coloque em condições subhumanas de sobrevivência. É visto que durante quase todo o filme, Dr. Jack se limita a prática de suicídio assistido, onde fornece acompanhamento médico e recursos materiais para que o paciente por ação própria abrevie sua vida.
Mesmo sob o idêntico objetivo de possibilitar a antecipação da morte de pacientes, o suicídio assistido, tanto no filme quanto no entendimento de quem o assiste, é visto como algo pouco mais tolerável, já que o médico apenas presta o acompanhamento e assistência para que o paciente possa cumprir sua vontade de forma rápida e indolor, e sem a ação direta do próprio médico. Contudo, é impossível não levarmos o tema para uma visão pessoal, afinal, quem gostaria de receber o pedido de um familiar para que sua vida seja tirada? Já numa visão religiosa, é inconcebível para qualquer cristão o ato de colaborar com a morte por eutanásia ou por suicídio. Mas, por outro lado, abre-se espaço também para o raciocínio de que ninguém deve ser obrigado a permanecer num sofrimento irreversível sob condições em que a sanidade é algo irrecuperável.
Tais