Indústria Fonografica
Por: Marcelo Sanches
A COBRA MORDE O RABO
O discurso de crise torna-se um tanto contraditório, porém, quando analisamos um pouco mais de perto as ações das grandes companhias diante dos avanços de outras mídias que veiculam a música gravada. Primeiro, porque insistem em desprezar a nova realidade do consumo e da cada vez mais avançada troca de informações, realidade esta representada pelos arquivos em MP-3 e pela Internet. Depois, porque acusam única e exclusivamente a pirataria de ser a principal vilã da queda das vendas. Esquecem-se de que são elas mesmas produtoras de novas mídias que proporcionam esses meios de reprodução ilegal? Será que a cobra finalmente está mordendo o rabo? O feitiço estaria virando contra o feiticeiro e o monopólio estaria sendo ameaçado por seu próprio desenvolvimento tecnológico?
CD-R, MP-3, INTERNET: OS “VILÕES”
Vamos começar pelo formato de CD-R, a mídia mais usada pelos pirateiros que copiam os discos originais; entre os fabricantes estão a Philips e a Sony, que além dos CDs-R também produzem softwares, computadores e gravadores de CD que evidentemente constituem equipamento primordial para a cópia dos produtos oficiais. O CD-R exclusivo para áudio da Philips (braço eletrônico da Universal) vem com um dispositivo que impede a cópia digital de um gravador para outro, alem de ter embutido em seu preço os royalties que (dizem) vai para editoras, artistas e as próprias gravadoras, o que pressupõe um acordo de cavalheiros entre todas as empresas. Apesar disso, o produto referido não consegue impedir a cópia se ela for realizada através do processo analógico. Torna-se necessário, porém, lembrar que o papel vivido hoje pelos CDs-R como fonte de reprodução ilegal de música foi protagonizado nos anos 70 e 80 pela antiga fita k-7 (também produzida por empresas ligadas às gravadoras), sem que esta tenha provocado tanta polêmica quanto o seu similar digital atual, não impedindo