Independência do Brasl
Nos últimos anos do século XVIII, registaram-se no Brasil alguns movimentos conspirativos, as "inconfidências", tendentes a criar um país independente, de regime republicano. Influenciados pelo Iluminismo europeu, pelas ideias revolucionárias provenientes da França e pelo exemplo recente da Revolução Americana, estes conspiradores - soldados, advogados, artesãos - eram na generalidade portadores de projetos vagos, que apenas demonstravam a existência de uma cultura oral contestatária da política e da religião oficiais. Isolados nos seus núcleos secretos, sem apoio popular, que não buscavam sequer, foram firmemente reprimidos e eliminados pela justiça colonial portuguesa.
A independência do Brasil veio, mais tarde, a ser concretizada por forças políticas ligadas à Coroa portuguesa e como consequência de duas situações de crise profunda da política metropolitana, que afetaram grandemente as relações entre Portugal e o Brasil: a fuga da família real para o Brasil, em 1808, e a consequente deslocação da capital para o Rio de Janeiro, quando as tropas de Napoleão invadiram Portugal e aquando da Revolução de 1820.
Quando eclodiu a revolução em Portugal, o rei D. João VI encontrou-se perante um dilema - se permanecesse no Brasil, perdia o trono em Portugal; se regressasse a Portugal, legitimava uma revolução em que não acreditava nem confiava. Qualquer das opções representava um perigo, não apenas para os interesses da realeza, mas também para os de numerosas regiões brasílicas, que haviam beneficiado da transferência do poder real para o Rio e da transformação subsequente do Brasil em fulcro da economia do império.
O debate arrastou-se e, em março de 1821, o rei, regressado a Portugal para fazer face à Revolução Liberal, promoveu a eleição de deputados para o Congresso reunido em Lisboa. A regência do Brasil ficava entretanto assegurada pelo príncipe D. Pedro, o herdeiro da Coroa portuguesa, que se viu imediatamente confrontado com a divisão