Inclusão social e a criança
1
Baader-Meinhof Blues, Sociedade de Consumo e a paixão pelo Real1
Marcos Carvalho Lopes
“Sejamos realistas, que se peça o impossível”, “Tudo Já”, “A mercadoria, nos a queimaremos”, “Viver sem horas mortas, gozar sem entraves”, esses são alguns slogans que grafitados nas ruas de Paris marcavam a direção (ou a falta de direção ) para qual os movimentos de Maio de 1968 apontavam. A necessidade de uma grande transformação na sociedade era um sentimento comum que fez com que a revolta parisiense repercutisse pelo mundo. Apesar disso, o caminho da transformação cultural acabou por mostrar-se limitado. A falta de reinvindicações políticas explicitas colocaram os movimento estudantis em cheque: sem uma escopo legal claro, os movimentos estudantis acabaram por se mostrar como psicodramas, teatralizações que negavam todos os valores, mas não acenavam com nenhum. A idéia utópica de que o amor contagiaria o mundo e que promoveria uma grande transformação da sociedade, de que as drogas abririam a mente das pessoas, etc. seriam meras desculpas para que a classe média pudesse agir de forma irresponsável e se ver moralmente garantida por uma ‘causa maior’. Isso pode se percebido claramente no uso dado aos pensamento zen-budista para justificar “vagabundagens noturnas” ou qualquer coisa que se quisesse fazer: estariam tentando libertar seu verdadeiro “eu”2.
1
Nesse texto procuro pensar a partir da letra de Baader-Meinhof Blues da Legião Urbana. Como essa letra traz como temática a violência (e o terrorismo ) e sua origem na sociedade atual, flertando com a psicanálise achei por bem estender a interrogação a situação atual usando para tanto o pensamento do filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek. Nesse sentido, a idéia de Zizek de uma “paixão pelo Real” que explodiu nos atentados terroristas de 11 de Setembro e que “guiou” o imaginário do século XX nos