Implicaturas
As Máximas Conversacionais e a Produção de Texto
Para ilustrar a teoria das implicaturas de Grice, tomam-se exemplos de situações de comunicação verbal em que se supõe que o enunciador implicite algo por dominar as máximas. Dito de outra forma, as ilustrações da teoria apresentam casos em que falantes (no sentido amplo) revelam domínio das máximas e, por isso, é possível supor o que querem dizer de forma implícita. De fato, a teoria das implicaturas de Grice serve para explicar por que a comunicação ocorre de forma eficiente.
Uma pergunta que se pode fazer, no entanto, é a seguinte: a comunicação ocorre sempre de forma eficiente? Antes de responder essa pergunta, é preciso delimitar a que tipo de eficiência estamos nos referindo. Quando se trata de analisar a ação das máximas, estamos lidando com eficiência pragmática. Pode-se dizer, portanto, que o domínio das máximas revela competência pragmática (ou seja, competência comunicativa).
A proficiência pragmática em discurso falado (que, nesta abordagem, equivale ao domínio de um Princípio de Cooperação e de máximas conversacionais) é desenvolvida já na infância. Qualquer um, a partir dos 5 ou 6 anos de idade, já possui proficiência comunicativa no discurso oral. Sendo assim, parece que a resposta à pergunta feita no parágrafo anterior deve ser afirmativa: quase sempre a comunicação ocorre de forma eficiente, uma vez que a proficiência pragmática desenvolve-se muito cedo.
Talvez, no entanto, a nossa resposta à questão formulada deva ser relativa ao tipo de discurso tomado em consideração. Isso porque se sabe que, no texto escrito, encontram-se muitos problemas que extrapolam a questão gramatical. Há textos ruins sem um único problema de gramática; são os textos pragmaticamente falhos. Correção gramatical, portanto, não é condição suficiente para a qualidade textual.
Na abordagem do texto escrito, pode-se considerar certos problemas como relacionados a uma