Impacto da crise na economia brasileira no setor automobilístico
Nos últimos anos, o setor de automóveis foi um dos símbolos do crescimento da economia brasileira. Entre 2003 e 2008, venderam-se mais carros no Brasil do que toda década de 90. Mas esse setor pujante, que representa 6,5% do PIB e emprega 1.5 milhões de pessoas, agora treme sob o impacto de crise financeira global. Em dois meses, as montadoras no Brasil viram o faturamento cair 15%, tiveram de dar férias a 45.000 funcionários e acumularam 80.000 veículos em seus pátios e concessionarias. Elas cancelaram a produção de 400.000 carros. As montadoras, contudo, é apenas um dos elos numa ampla cadeia produtiva. Para cada empregado criado em uma dela, trezes vagas são abertos em outras empresas.
São ao todo quarenta tipos de negócios, agrupados em seis grandes núcleos. Todos sentem o impacto da crise, em maior ou menor grau.
A indústria automobilística apresenta uma extrema sensibilidade às variações de consumo. Não há nada mais fácil pra as famílias ou as empresas do que postergarem em seis meses, e ate mais, a compra de veiculo, uma vez que se trata de uma aquisição pesada para todo e qualquer orçamento. Além disso, a indústria automobilística vem sendo atingida em cheio pela crise do credito. Nos países desenvolvidos. Três quartos dos carros são comprados a credito. Quando o acesso a este ultima trona-se mais difícil, o impacto sobre as vendas e imediato. A terceira razão diz respeito à organização do setor, no qual todas as atividades são concatenadas e interdependentes. Basta que os consumidores compareçam em menor numero nos centros de vendas das concessionarias para que as usinas sejam obrigadas a reduzirem suas cadencias de produção, e até mesmo a fecharam parcialmente. Além disso, a estocagem de veículos produzidos, mas que não foram vendidos revela ser muito mais custosa do que a colocação em regime desemprego parcial de uma parte dos assalariados.