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Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?
[...]
´Stamos em pleno mar... Abrindo as velas
Ao quente arfar das vibrações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
(ALVES, 1983: 91)
´Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
- constelações do líquido tesouro... (ALVES, 1983: 91)
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
[...]
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
[...]
O inglês . marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
[...]
O Francês . predestinado .
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
[...]
Os marinheiros Helenos,
Que vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu... (ALVES, 1983: 93)
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... (1983: 103)
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães;
[...]
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... (ALVES, 1983: 94-95)
Existe um povo que a bandeira empresta
P´ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em mando impuro de bacante fria!...
[...]
Auriverde pendão de minha terra
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança. (ALVES, 1983: 99)