Idosos
Rui Manuel Carreteiro psiclinica@rc-grupo.com Psicólogo Clínico
2003
Artigo publicado no semanário Vida Ribatejana.
Idioma: português
Palavras-chave: Morte, luto, perda.
Ao nascermos todos ficamos sujeitos a uma mesma limitação: a morte. Apesar de nos ser a todos familiar – quer pela experiência próxima do falecimento de familiares quer de amigos ou mesmo desconhecidos – o tema da morte e do luto é um dos mais difíceis de abordar, causando um sofrimento terrível.
O termo luto refere-se à perda real do objecto – de uma pessoa (ente querido, familiar, amigo...). Embora o luto possa ser acompanhado de depressão e ambos apresentem algumas similitudes torna-se importante demarcar estas duas situações. Em primeiro lugar porque embora não haja luto sem depressão, pode obviamente haver depressão sem luto.
Enquanto na depressão o sujeito não sabe muito bem o que perdeu (perdeu o amor do objecto), no luto o indivíduo sabe muito bem que perder o objecto (embora por vezes, principalmente nos primeiros momentos haja alguma tendência para negar a realidade com o intuito de evita a dôr).
O trabalho de luto, cuja duração é variável – o luto normal está fixado em cerca de 9 meses –, consiste em desinvestir no objecto perdido por investimento em novos objectos. Quando o sujeito não realiza esta tarefa produz um luto patológico.
Para despegar do objecto perdido é necessária uma certa carga de agressividade que nem todos os indivíduos conseguem dirigir ao objecto perdido ficando antes num registo de idealização e relembrando geralmente apenas os melhores momentos.
De acordo com os autores da psicodinâmica, o luto patológico tem duas razões de ser: a relação não foi suficientemente vivida (quer por ter sido muito curta – como acontece aos pais de bebés que morrem precocemente – quer por ter ficado aquém das expectativas) ou então o indivíduo prefere viver num falso pressuposto (que conduzirá aos terrenos drásticos da