Idoso
Obra:
2005, Porto, Portugal, 14 páginas.
Credenciais da autoria:
João Barreto é médico especialista em Psiquiatria dedicado aos problemas do doente idoso, onde se atenta aos aspectos da biologia e da saúde mental na idade avançada.
Conclusão da autoria:
A vida humana prolongou-se no decurso das últimas décadas, em consequência não só do progresso de Medicina, como também das transformações econômico-sociais e tecnológicas que vieram propiciar uma melhoria geral no bem-estar das pessoas. Diz a biologia que o nosso organismo tem virtualidades para uma vida até aos cem anos, ou mesmo bastante mais, desde que as doenças comuns sejam dominadas. Na verdade, a esperança de vida já subiu muito neste século, na Europa, e tenderá por certo a atingir os noventa anos dentro de poucas décadas. A manutenção da saúde nessa etapa da vida não tem muito a ver com a programação genética, e depende basicamente de factores do meio e dos comportamentos e estilos de vida que se assumem.
O bem estar do idoso depende de numerosos fatores, não só externos como também internos. O seu grau de satisfação vai resultar do êxito de um processo adaptativo contínuo as transformações que se sucedem. A qualidade de vida da pessoa que envelhece é naturalmente afetada pelas perdas e carências que a atingem, mas o efeito perturbador desses eventos depende essencialmente do significado que lhes atribui. Tal significado tem muito a ver com o conceito que faz de si mesma e da sua valia para os outros. Por isso, o tanto o apoio social como, sobretudo a ajuda de cuidadores informais contribuem decisivamente para dar mais qualidade a sua vida e melhorar o seu bem-estar. Mas os prestadores de cuidados aos idosos necessitam eles mesmos de receber ajuda, não só de ordem material e técnica, como também psicológica e ”humana”. Se isso for feito, beneficia não só o cuidador como o próprio idoso dependente e afinal toda a sociedade.