IDENTIDADE ÉTNICO/RACIAL NO BRASIL
UMA REFLEXÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
Maria Batista Lima
Introdução:
A problematização sobre as relações raciais tem se ampliado de forma progressiva na sociedade brasileira nessa última década. Envolve tanto as praticas cotidianas (os embates e ações políticas) como as construções conceituais. Um desses embates teóricos encontra-se no uso do conceito de raça ou etnia entre as diferentes descendências populacionais no país. Superado no campo científico a tese de raça, o embate se dá entre os adeptos da sua transmutação em raça social, e os que defendem o uso do conceito etnia, seja esta articulada às correntes culturalistas ou ligada à perspectiva histórico-político-social, fundamentada na ideia de território como elemento agregador de significado político. Outro enfoque que nos interessa é o das políticas públicas, que implica em buscar entender o lugar das relações étnico/raciais no contexto da historia sócio-política do Brasil, mais especificadamente no que se refere à população negra/afro-brasileira e ao racismo ao longo dos séculos da nossa história. Menciona-se a existência de um racismo institucional, ou seja, operações anônimas de discriminação em organizações, profissões, ou inclusive de sociedades inteiras. Segundo ativistas negros Stockely Carmichael e Charles V.Hamilton, o racismo é onipresente e aberto ou subliminarmente, permeia toda a sociedade. Envolve as seguintes operações: (a) destrói a motivação; (b) é camuflado, as causa não são detectáveis, mas os efeitos e resultados são visíveis; (c) a força desse tipo de racismo afeta as instituições por muito tempo; (d) o racismo institucional põe em relevância o papel das ações afirmativas; (e) esse tipo de racismo é muito usual para a análise de como as instituições trabalham em fatores racistas. Enfim, em nível de definição, existe a questão do racismo invertido ou do “racismo negro”. Certas atitudes como expressões de hostilidade, discriminação ou até