estetica
Body and hair as symbols of black identity
Nilma Lino Gomes1
RESUMO
Este artigo tem por objeto uma pesquisa etnográfica realizada em quatro salões étnicos da cidade de Belo Horizonte. Deles emergem concepções semelhantes, diferentes e complementares sobre o cabelo crespo, o corpo, a beleza negra e a condição do/a negro/a na sociedade brasileira. Da pesquisa fazem parte ainda 28 mulheres e homens negros, cabeleireiras, cabeleireiros e clientes dos salões. Destes, 17 são mulheres e 11 são homens.
São jovens e adultos, da faixa etária dos 20 aos 60 anos. No contexto dos salões, pretende-se compreender o significado social do cabelo e do corpo e os sentidos a eles atribuídos, de forma particular, pelos homens e pelas mulheres negras entrevistadas. Nesta pesquisa, o cabelo do/a negro/a é considerado não de maneira isolada, mas dentro do contexto das relações raciais construídas na sociedade brasileira. Estas são o pano de fundo sobre o qual as representações negativas sobre o negro, assim como as estratégias de reversão destas se realizam. O entendimento desse contexto revela uma complexidade: o cabelo crespo e o corpo negro só adquirem significado quando pensados no cerne do sistema de classificação racial brasileiro. Os salões étnicos se revelam nesta pesquisa como espaços culturais, corpóreos, estéticos e identitários e, por isso, nos ajudam a refletir um pouco mais sobre a complexidade, as ambigüidades e os conflitos em torno da identidade negra. Neles, o cabelo crespo, visto socialmente como estigma, é transformado, não sem contradições, em símbolo de orgulho e afirmação étnico/racial.
Palavras-Chave: Relações Raciais - Identidade Negra – Beleza Negra – Corpo – Cabelo
Crespo
ABSTRACT
The object of this article is an ethnological research that took place in four ethnic beauty parlours in the city of Belo Horizonte. Similar, different and complementary conceptions on the nappy hair, on