Ideia de História
Ele largou o casaco sobre a mesa e começou a falar. Cada sílaba que cuspia para fora significavam flechadas em meu coração, entretanto, dessa vez, não eram flechas de amor.
"Eu não amo mais você." Foram as últimas. Cheguei a pensar que essa conversa jamais chegaria ao fim, e que seria torturada com mais flechas até a morte. Mas ela não chegava, isso não acontecia, era como se a vontade de morrer esvaísse por meio de lágrimas e depois se preenchesse novamente.
Uma luz pairou sobre mim quando ele abriu a boca. A luz da esperança. Aquela "vozinha do bem" que sussurra para o seu coração sofredor dizendo que nada disso era verdade, que não estava acontecendo.
Fiquei imóvel esperando alguma pronuncia heróica para meu tão doído sentimento. Qualquer coisa. Pude esperar um "É brincadeira, Gi, eu te amo.", ou até mesmo ouvi-lo dizer "1 de abril":
- Até mais, Giovanna. Nos vemos por ai. Fique bem.
Definitivamente essa foi a última flechada. E o arqueiro acabava de se retirar, sem olhar para trás, sem se certificar se eu ainda estava ali… viva.
E por incrível que pareça, viva eu estava, só que por fora. Por dentro, a terceira guerra mundial havia acontecido e restado apenas destroços, impossíveis de serem reconstruídos… Sem vida, sem esperança, sem amor.
Meu mundo havia desmoronado, era esse o sentimento que me abraçava neste momento. Ficar aqui não fazia mais sentido. Tudo lembrava ele. A cozinha, o tapete, os móveis, a varanda, a TV, o sofá… E a nossa cama.
Atordoada, recuperei o movimento voluntário de cada parte do corpo - bem, pelo menos a parte necessária e menos atingida pelas malditas e cruéis flechas - e fiz força para me levantar da mesa central, que compunha a sala decorada por nós, e sai pela porta, levando comigo a bolsa, a chave do carro e a dor. Tropecei no pequeno degrau que havia sob a porta de saída, equilibrei-me, tomando cuidado para não deixar cair as lembranças. Apertei com força o botão que chamava o elevador e esperei. Como sempre fui