História das ideias
Capítulo 1
Questão 1
R:
O século XV marcou a descoberta do Novo Mundo desencadeada pelas navegações das nações ultramarinas. A comprovação dos europeus de que havia habitando o Novo Mundo, principalmente no hemisfério sul, uma considerável concentração de populações humanas e uma variedade de animais – que, diga-se de passagem, era muito mais diversa do que na Europa, - impeliu filósofos naturais e pensadores da época a (re) formular teorias que versavam sobre a origem e a distribuição dos seres vivos encontrados novos territórios.
O problema que se despontou o esclarecimento para origem da natureza do Novo Mundo foi amplamente discutido por diversos viajantes, cronistas e autoridades religiosas. Registradas numa vasta literatura, as primeiras descrições impressionam pela prudência e uma exatidão objetiva. A teoria que propunha que os anjos pudessem ter transportado os animais já, no século XVI, era considerada implausível, portanto, muito engenho teria de ser usado para se manter a atualidade das sagradas escrituras.
Nesse período, autoridades, eclesiásticas ou não, estavam às voltas com o problema da origem do homem americano. Uma das principais querelas em vigor, por exemplo, era se realmente a humanidade havia se originado dos dois progenitores que, segundo a Bíblia, eram comuns à espécie humana, pois se os nativos americanos também fossem filhos de Adão e Eva, como eles teriam chegado até o Novo Mundo?
A prática de investigação em que Athanasius Kircher se baseava estava permeada pelas analogias, que o permitia ver o mundo natural como um livro que continha lições (por vezes divinas) a serem reveladas. Os conhecimentos apreendidos – lições a serem decifradas – deveriam ser entendidos como possibilidades de salvação, pois, assim como o estudo das escrituras, o estudo da natureza não deveria ter um fim em si próprio, ele deveria servir ao complexo e árduo trabalho de