Humanização na saúde
Em razão do acelerado processo de desenvolvimento tecnológico em medicina, a singularidade do paciente — emoções, crenças e valores — ficou em segundo plano; sua doença passou a ser objeto do saber reconhecido cientificamente. O ato médico, portanto, se desumanizou. No mesmo processo, ocorreram transformações na formação médica, cada vez mais especializada, e nas condições de trabalho, restringindo a disponibilidade do médico tanto para o contato com o paciente quanto para a busca de formação mais abrangente. As atuais condições do exercício da medicina não têm contribuído para a melhoria do relacionamento entre médicos e pacientes e para o atendimento humanizado e de boa qualidade. Esse quadro estende-se tanto a outros profissionais da área como a instituições de saúde.
Alguns projetos de humanização vêm sendo desenvolvidos, há muitos anos, em áreas específicas da assistência, por exemplo, na saúde da mulher (humanização do parto) e na saúde da criança (Projeto Canguru, para recém-nascidos de baixo pe¬so). Atualmente têm sido propostas diversas ações visando à implantação de programas de humanização nas instituições de saúde, especialmente nos hospitais. Principalmente na assistência pediátrica, vários pro¬jetos e ações desenvolvem atividades ligadas a artes plásticas, música, teatro, lazer, recreação. Merece reflexão a atual tendência e as ações humanizadoras no tecido institucional em que as ações de saúde e as próprias ações humanizadoras se veiculam. A teia interacional, ou seja, o conjunto das relações que se estabelecem nas instituições — profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional-instituição e outras — está se humanizando? Há instituições que se dizem já humanizadas, mas, em alguns desses casos, humanização equivale a melhorias na estrutura física dos prédios. Sem dúvida, são medidas relevantes numa instituição. No entanto, podem ser fatores meramente pontuais se não estiverem inseridos em