Humanismo Multicultural
UNESCO – organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura
Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente modificação.
Por Asimina Karavanta – Revista Planeta - Fev. 2012 – Ed. 473
Duas guerras mundiais, campos de concentração, fábricas com trabalhadores em condições análogas à escravidão e outros aparatos do capitalismo global, independentemente das suas diferenças de qualificação, estão definindo acontecimentos do século XX como eventos de uma história sombria. Também as vitimas das guerras anticoloniais e civis devem ser levadas em conta. Esse quadro sinistro é uma evidência do potencial destrutivo oculto sob o manto dos filósofos do Iluminismo, uma vez que seus discursos humanistas foram transformados em privilégio ideológico de apenas um certo tipo de ser humano e de um certo tipo de sociedade, nomeadamente aquela com valores da cultura ocidental. A discrepância entre as promessas de humanismo e seu papel instrumental no colonialismo, no imperialismo e no tráfico de escravos gerou uma critica severa aos seus princípios contraditórios, éticos e políticos, que chegou a um clímax na década de 1960. A desconstrução do humanismo como verdade universal incontestável intensificou a necessidade de reconfigurá-lo a partir da perspectiva “daqueles que só recentemente foram reconhecidos como seres humanos e de suas respectivas comunidades e culturas, muitas vezes exiladas, multilíngues e interculturais”, como escreveu Joan Anim-Addo em “Tawards a Post- Western Humanism”. O humanismo voltou à ordem do dia porque não é mais apenas o produto de monarquias e impérios europeus cujos projetos coloniais exigiram imperativos ideológicos com os ideais do Iluminismo. Também já não se define nação