Houssmann e o Plano de Paris
O barão Haussmann foi prefeito de Paris entre 1853-1870. Ele empreendeu uma profunda e polêmica reforma urbana que inspirou intervenções em várias outras cidades do mundo. O objetivo principal era modernizar Paris que em pleno século XIX mantinha muito de sua estrutura medieval, cujo centro era composto de muitos quarteirões insalubres. Seu projeto consistia em redesenhar o traçado urbano compondo uma “nova cidade” mais racional, organizada e harmônica. Para realizar esta tarefa foram necessárias várias demolições. Isso fez com que muitos estudiosos criticassem duramente essa haussmanização. As críticas não eram contrárias à reforma em si, mas sim à maneira como ela foi realizada.
Neste período a França era governada por Luis Bonaparte (sobrinho de Napoleão) que implantou um governo imperial assumindo o nome de Napoleão III. Então, a reforma teria sido uma demonstração desse autoritarismo, uma expressão de um governo imperial ditatorial. Outras críticas apontam o objetivo de cercear e controlar as manifestações populares. Assim, a ampliação e o alargamento das avenidas facilitava a atuação da repressão policial. Além disso, todo o embelezamento da cidade, os parques, os novos edifícios e monumentos atendiam muito mais à burguesia do que ao resto da população. Segundo essa crítica, o centro urbano de Paris foi transformado num espaço burguês e a população pobre que antes vivia ali foi alijada para a periferia.
Contudo, nos últimos anos os estudos apontam para uma revisão mais objetiva e menos ideológica a respeito da atuação de Haussmann. Havia dois problemas muito concretos que precisavam ser resolvidos: o da insalubridade (foco de doenças) e o da circulação.
Para sanar o primeiro problema era necessário arejar e iluminar os espaços e promover a higiene. Mas, sobretudo, também era preciso um conjunto de obras de infra-estrutura de impacto negativo (água, esgoto, gás, árvores), pois se demolia e revirava-se o terreno,