hospitalidade

A hospitalidade surge como processo de troca entre anfitrião e hóspede que compartilhem entre si estruturas morais parecidas, dessa forma firmando e consolidando as relações.
Contudo, a hospitalidade pode modificar a relação, criando laços ou desfazendo-os já que hospitalidade pode ser considerada o oposto de hostilidade. O processo de convivência criado pela hospitalidade pode trazer à tona outros padrões morais ou de costumes que não se conheciam anteriormente, fazendo com que amigos se tornem inimigos ou desconhecidos se tornem amigos inseparáveis.
Segundo os ingleses do século XVII, conforme pesquisa de Heal em 1990, a hospitalidade inglesa segue cinco princípios: nobreza, altruísmo, relacionamento baseado na natureza da vida social, consideração pelo hóspede (a honra em receber) e dar importância ao relacionamento criado a partir da hospitalidade (Heal defende que há tanta importância quanto relacionamentos e acordos comerciais)
Já Mary Douglas, em 1970, analisando a lei alimentar judaica conforme o livro de Levítico, no Antigo Testamento, chegou a algumas conclusões referentes à troca de alimentos na hospitalidade, já que os judeus tinham regras bem específicas quanto ao preparo e partilha da alimentação. Como eles até hoje não podem se alimentar de qualquer animal e deve-se seguir determinada forma de preparo para cada tipo de alimento, eles desenvolveram o hábito de receber e pessoas e compartilhar refeições com quem segue o mesmo código comensal ou se propõe a acatar esse código trazendo a noção de que o alimento confere a identidade familiar àquele grupo.
Os textos do livro mostram que a hospitalidade é mais do que apenas a prestação de serviços, o consumo de alimentos e bebidas e a acomodação em um hotel ou restaurante. Descrevem um relacionamento social que se situa na base de toda a sociedade humana. Os atos de hospitalidade e o comportamento hospitaleiro vão além da boa hospedagem.
Informações bibliográficas
Título : Em busca da