História
Kalina Vanderlei Silva
Como e por que trazer de volta a biografia para a sala de aula? Não seria exagero afirmar que, hoje, muitos dos professores brasileiros sentiriam um calafrio só de pensar em utilizar biografias como tema de ensino. Isso porque, quando eles próprios estavam na escola, uma das formas de estudar História era decorar datas e fatos relacionados aos heróis nacionais.
Mas nem tudo o que é “velho” é necessariamente ruim. Se bem empregada, a biografia se torna um elemento a favor do professor dinâmico, que deseja despertar em seus alunos o interesse pela
História e ajudá-los no processo de aquisição de conhecimento.
A palavra biografia significa, em várias línguas ocidentais, a escrita de uma história de vida, e, nesse sentido, já era empregada na Antigüidade clássica, de onde vem um modelo ainda utilizado: a obra de Plutarco sobre a vida de Alexandre, o Grande. Essa, inclusive, é a mais simples e direta das definições da biografia: o relato da vida de uma pessoa. Uma definição simples para um gênero de fronteira, que dialoga com diferentes áreas do saber, da História ao
Jornalismo, passando pela Literatura e a Psicologia.
E ser um gênero de fronteira, interdisciplinar, é uma das características que tornam a biografia um instrumento que oferece possibilidades para a sala de aula. A outra é seu diálogo com o cotidiano e com o generalizado interesse pela vida privada, que reside em todos nós.
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Biografia e historiografia
Atualmente, a biografia é um gênero de escrita em que transitam jornalistas, historiadores e ficcionistas com seus estilos e objetivos específicos. Na historiografia, particularmente, a biografia teve seus altos e baixos. Foi coqueluche dos historiadores positivistas entre os séculos xix e xx por permitir que a história fosse retratada como a História dos “grandes homens”. Porém, com o surgimento da História analítica e estrutural no início do século xx, foi relegada à condição de gênero