História
AD(13:33 até 13:40): (...) Aí já era num sentido mais amplo, era a questão da militância política, na maioria das vezes.
EE(13:42 até 13:53): E, assim, você foi muito essencial na divulgação do caso do Vladimir Herzog. Você sempre soube? Porque eles falaram que ele tinha se suicidado, mas você já sabia que não era verdade, né?
AD(13:54 até 17:06): Bom, pra começar...sem nenhuma consideração a mais e, de início, nós, do sindicato dos jornalistas, não aceitamos a versão do suicídio. Claro que depois fomos tendo os elementos que comprovam, assim, com muita clareza que não se tratou de um suicídio. Mas o que acontece é o seguinte: o Vlado não foi um caso isolado. O sindicato dos jornalistas estava na mira da repressão política desde o meio do ano. A diretoria tomou posse em maio e a partir de junho, julho, já estava...Depois dos documentos aos quais eu tive acesso comprovam isso, o sindicato estava sendo vigiado de perto e havia uma operação desenvolvida pelos setores da repressão política, que era especificamente em cima da imprensa. Que era...havia a falácia de que a imprensa estava sendo dominada pelos comunistas. E, nesse contexto, é que se deu o caso Vlado. Antes do Vlado, naquele mesmo ano, meses antes, principalmente dias antes, foram presos, aqui em São Paulo, onze jornalistas, né. Todos eles foram pro DOI-CODI, todos eles foram torturados e a gente sabia o que acontecia lá dentro, porque alguns tinham saído, como foi o caso da mulher do Paulo Markun, a Adiléia Markun, que foi ao sindicato e contou coisas horríveis sobre o que estava acontecendo ali. Então, quando chegou a notícia da morte do Vlado, a gente de imediato já considerou que ele tinha sido vítima de tortura. Principalmente ele que era um sujeito frágil e, ao mesmo tempo, era um sujeito sem atividade...não era um ativista, ele era um militante intelectual da esquerda. Então, ele foi ou escolhido para vítima, essa era nossa convicção desde o