História dos Canudos

2752 palavras 12 páginas
História, Ciências, Saúde-Manguinhos
Print version ISSN 0104-5970
Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.5 suppl.0 Rio de Janeiro July 1998 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59701998000400018 Flávio de Barros, o ilustre cronista anônimo da guerra de Canudos: as fotografias que Euclides da Cunha gostaria de ter tirado
Flávio de Barros, the illustrious and anonymous chronicler of the battle of Canudos: the photographs that Euclides da Cunha would liked to have taken
A guerra de Canudos (1896-1897), evento crucial da história brasileira, um dos atos fun- dadores da República, tornou-se, graças à magia da retórica pictorial e teatral de Euclides da Cunha em Os sertões(1902), evento inesquecível do imaginário do país, crime trágico e trauma coletivo, fonte de reflexões sobre a identidade nacional, paradigma internacional do embate entre a civilização expansionista e as tradicionais culturas regionais.
Desde as primeiras edições, esse clássico da historiografia e literatura vem acom-panhado de um meio de representação relativamente moderno na produção editorial da época, que reforça o empenho do autor pela presentificação visualizadora: a fotografia. Os canhões diante da serra de Monte Santo, soldados no acampamento em Canudos, as prisioneiras — todos os brasileiros escolarizados conhecem essas imagens. Elas logo passaram, junto com outras tomadas, não incluídas em Os sertões, por exemplo Antônio Conselheiro exumado, um jagunço preso, o leito seco do Vaza-Barris, a figurar em boa parte da historiografia sobre a Velha República, gravando-se profundamente na memória coletiva, comparáveis com as imagens do padre Anchieta, o grito do Ipiranga, D. Pedro II com sua imponente barba, o enterro de Getúlio, Vladimir Herzog assassinado, Tancredo agonizante. Se em Os sertões, diferentemente dos outros livros contemporâneos sobre a guerra de Canudos, constam três dessas fotos, é porque o correspondente-fotógrafo Flávio de Barros realizou um velho anseio do correspondente-escritor

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