História das Creches no Brasil
Surgimento da necessidade de creches no Brasil
A primeira pergunta a se pensar é que para haver esse atendimento, teve que existir antes a clientela, ou seja, aqueles que iriam ocupar esse espaço. Porém, esse aparecimento não se deu por acaso e sim como uma das formas que o modo de produção capitalista encontrou para resolver as tensões sociais que produziu e que foram criadas diante de outra necessidade: a de garantir a acumulação do capital.
Monarcha aponta que para falar da história da infância é preciso falar não de uma infância generalizada. As infâncias foram muitas: as das crianças ricas, filhas de fazendeiros; as das crianças filhas de funcionários, profissionais liberais; filhas de imigrantes, de trabalhadores rurais. Dessa mesma forma, deveremos falar do atendimento em creche ou outras instituições surgidas para atender os filhos de trabalhadores e que não se apresentam com a mesma constituição das instituições infantis criadas para atender os filhos de famílias mais abastadas. Esse atendimento é aquele que surge com a finalidade de amenizar a mortalidade infantil e as tensões sociais, através de locais que pudessem ocupar um excedente que ainda não era aproveitado pelo processo produtivo e consequentemente garantido a reprodução dessa força de trabalho.
Durante muito tempo o cuidado e a educação da criança pequena eram considerados como de responsabilidade da família, porém surge a necessidade de instituições que assumissem esse papel, pelo menos enquanto seus pais estivessem no trabalho. Com a Revolução Industrial no século XIX, a estrutura familiar tradicional que cuidava dos filhos pequenos foi modificada, com a entrada da mulher e de todos os membros no mercado de trabalho, na busca de garantir sua subsistência. No Brasil, de acordo com Rizzini (1993), a partir de 1840, com o aumento das fábricas de tecidos, era cada vez maior o número de mulheres e de menores na indústria, ganhando salários