CRECHES NO BRASIL HISTÓRICO
A creche no Brasil surge acompanhando a “estruturação do capitalismo, a crescente urbanização e a necessidade de reprodução da força de trabalho”, desde a liberação da mulher-mãe para o mercado de trabalho até uma visão de mais longo prazo em preparar pessoas nutridas e sem doenças.
Durante muitos séculos, o cuidado e a educação da criança eram tarefas familiares, principalmente das mulheres. A criança era considerada um adulto em miniatura e logo que superava a fase de dependência de necessidades físicas passava a participar das atividades cotidianas dos adultos e era integrada a esse meio social como um adulto. Apesar do contexto doméstico ser o mais utilizado para a educação das crianças, alguns espaços alternativos foram sendo criados ao longo da história para amparar as crianças em situações desfavoráveis, como é o caso da “roda”. A responsabilidade por esse acolhimento era realizada em geral por entidades religiosas e eram sempre permeadas pelas idéias de abandono e pobreza. Essas idéias geraram concepções negativas acerca das instituições de educação infantil, acentuando sempre um favorecimento da família como a matriz educativa principal, o que pode ser percebido até mesmo nas denominações utilizadas por essas instituições: o termo
“creche” é de origem francesa e significa manjedoura ou presépio, na Itália foi utilizado o termo “asilo nido” que indica um ninho que abriga, no Brasil além do termo creche foi muito utilizado a denominação escola materna. Em todos os nomes se reforça a instituição de educação infantil como um lugar da falta familiar (Oliveira, 2002)1.
Até meados do século XIX no Brasil, o atendimento de crianças pequenas longe da família praticamente não existia. A creche surgiu na segunda metade do século XIX com a finalidade de amparar as classes populares e liberar a mão-de-obra pobre feminina. As primeiras creches atendiam ao apelo do movimento higienista, difundindo os preceitos higiênicos