História ambiental e seus clássicos
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A HISTÓRIA AMBIENTAL NO BRASIL E OS SEUS CLÁSSICOS
Por José Luiz de Andrade Franco*
PÁDUA, José Augusto Pádua. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. 318 p.
Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888), livro de José Augusto Pádua, se insere na recente tradição da História Ambiental brasileira. A disciplina, surgida nos anos 1970, momento em que as preocupações de caráter ambiental se tornavam mais difundidas, começou a ser praticada, sobretudo, nos países de língua inglesa. Donald Worster, um dos mais ilustres historiadores ambientais norte-americanos, defende que ela nasceu de um objetivo moral e envolta em uma rede de compromissos políticos, tornando-se mais autônoma e acadêmica com a sofisticação de seus interesses e de seus objetos. Sua principal meta veio a ser a compreensão de como os seres humanos foram, através dos tempos, afetados pelo seu ambiente natural e, inversamente, como e com que resultados afetaram esse ambiente. Para Worster, são três os níveis em que a História Ambiental atua: o primeiro trata da natureza propriamente dita, como se organizou e funcionou no passado; o segundo aborda o domínio socioeconômico, na medida em que este interage com o ambiente; o terceiro enfoca as representações sociais relacionadas ao mundo natural. É fácil perceber que essas instâncias podem ser – e na verdade são – trabalhadas por outros cientistas sociais, como sociólogos, antropólogos e economistas. No Brasil, o compromisso de se escrever uma História Ambiental é bastante recente, embora alguns de nossos mais afamados
* Doutor em História Social e das Idéias pela UnB; professor da UPIS (União Pioneira de
Integração Social).
Sociedade e Estado, Brasília, v. 18, n. 1/2, p. 389-394, jan./dez. 2003
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José Luiz de Andrade Franco
historiadores e cientistas