Historiografia e perspectiva: o objecto da História
A história não tem outra alternativa senão seguir a tendência de especialização de qualquer disciplina científica. O conhecimento de toda a realidade é epistemologicamente impossível, ainda que o esforço de conhecimento transversal, humanístico, de todas as partes da história, seja exigível a quem verdadeiramente queira ter uma visão correcta do passado.
A História, portanto, deve segmentar-se, não apenas porque a perspectiva do historiador esteja contaminada com subjectividade e ideologia, mas porque ele deve optar, necessariamente, por um ponto de vista, do mesmo modo que um cientista: se quiser observar o seu objecto, deve optar por usar um telescópio ou um microscópio (ou, de forma menos grosseira, que tipo de lente irá aplicar). Com o ponto de vista determina-se a selecção da parte da realidade histórica que se toma como objecto, e que, sem dúvida, dará tanto a informação sobre o objeto estudado como sobre as motivações de um historiador que o estuda. Essa visão preferencial pode ser consciente ou inconsciente, assumida com maior ou menor cinismo pelo historiador, e é diferente para cada época, para cada nacionalidade, religião, classe social ou âmbito no qual o historiador pretenda situar-se.
A inevitável perda que supõe a segmentação, compensa-se pela confiança em que outros historiadores farão outras seleções, sempre parciais, que devem complementar-se. A pretensão de conseguir uma perspectiva holística, como o pretende a História total ou a História das Civilizações, não substitui a necessidade de todas e cada uma das perspectivas parciais como as que se tratam a seguir:
Os recortes temporais vão desde as periodizações clássicas (Pré-história, História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna ou Idade Contemporânea), até às histórias por séculos, reinados, e outras. A periodização clássica (ver a sua justificação em Divisão do tempo histórico) é discutível, tanto pela necessidade de períodos de