História da educação
A história da educação na relação com os saberes histórico e pedagógico∗
Margarida Louro Felgueiras
Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Na historiografia da história da educação, vários autores têm salientado a posição “entre-dois” que a disciplina ocupa (Nóvoa, 1994, p. 21; Depaepe, 1993, p. 31). Disciplina histórica, elemento estruturante da incipiente ciência da educação, só se desenvolveu historicamente no campo institucional da formação de professores, a que ficou vinculada. A partir dessa situação, sentida como desconfortável pela ambiguidade que gera ao nível da identidade dos próprios cultores, no reconhecimento académico, na afectação de recursos e nas relações de poder, discorre-se sobre as vantagens, desvantagens e potencialidades a explorar. O objectivo deste texto é analisar a questão de forma semi-retrospectiva, partindo das recordações, quase emoções, que a experiência pessoal permite
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evocar para a partir delas caminhar na interrogação ao passado nacional e lançar um olhar sobre a situação da história da educação em outros países europeus. Do individual ao colectivo: a experiência pessoal como texto para análise No início dos anos de 1970, o curso de história da Faculdade de Letras do Porto era constituído por cinco anos lectivos. No final do 5º ano, apresentava-se uma tese de licenciatura. Quem se destinava ao ensino, e era o inexorável destino comum, devia fazer o curso de ciências pedagógicas, frequentado então por uma verdadeira multidão de gente mais velha: professores em exercício das várias áreas do saber, professores das escolas do magistério primário.1
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Este texto foi escrito em simultâneo para o relatório da dis-
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Embora não sendo obrigatório para o exercício da docência,
ciplina “História da educação em Portugal: instituições, materiais, práticas e representações”, do mestrado em Educação e Herança