historicismo no brasil
A viagem à Alemanha entre os anos de 1928 e 1931 amadureceu a concepção histórica de Sérgio Buarque de Holanda, que já vinha sendo construída desde o seu engajamento no movimento modernista com as produções de críticas literárias, de modo que a elaboração do ensaio histórico Raízes do Brasil (1936) não poderia ter se iniciado em outro lugar que não na terra do historicismo. O cunho historicista da obra buarqueana caracteriza-se no olhar sobre a singularidade da experiência brasileira, considerando a experiência concreta dada no movimento dinâmico da temporalidade histórica que é própria do Brasil, afastando-se de prerrogativas teorizantes e abstratas que tentem criar uma ideia a priori que estabiliza e generaliza a natureza humana. O traço marcante da principal obra buarqueana está em sua visão histórica que articula, do ponto de vista do tempo presente, a análise da experiência passada, a fim de levantar as condições de possibilidade do futuro próximo, caracterizando o enraizamento do pensamento histórico na realidade presente. Nesse sentido, a herança historicista se mostra em Raízes do Brasil pela construção crítica da permanência do passado ibérico no presente brasileiro, que se mostra enraizado na construção buarqueana do tipo brasileiro, cuja principal característica é a cordialidade, a qual não é vista como uma essência a priori, metafísica, mas é historicizada e particularizada no tempo.
Com efeito, a adesão de Sérgio Buarque ao historicismo da historiografia rankeana, assim como a qualquer outra corrente teórica, não é total, tanto que em seu ensaio que destrincha o pensamento rankeano, aponta a sua atualidade e inatualidade, indicando a superação de alguns conceitos. Nesse sentido, Holanda coloca em evidência a característica mais central do historicismo, a qual combate a vertente naturalista, de um lado, e a filosofia