historicidades da teorias
SAÚDE-DOENÇA
Prof. Junior Ao longo da história, foram sendo forjadas diferentes teoriasinterpretativas sobre o processo saúde-doença, como conseqüência da atividade racional humana na busca de inferências causais para a doença.
Segundo CANGUILHEM (1978:19-23), até o século XIX, as formas de representação da doença podiam ser sintetizadas em duas vertentes fundadas na unicausalidade: a ontológica e a dinâmica. Predominava na Antigüidade, especialmente entre os assírios, egípcios, caldeus e hebreus, a concepção ontológica.
Atribuía à enfermidade um estatuto de causa única e de entidade, sempre externa ao ser humano e com existência própria - um mal, sendo o doente, o ser humano ao qual essa entidade-malefício se agregou: o corpo humano é tomado com receptáculo de um elemento natural ou espírito sobrenatural que, invadindo-o, produz a 'doença'; sem haver qualquer participação ou controle desse organismo no processo de causação".
Para CANGUILHEM (1978), ela se faz presente nas interpretações da doenças carênciais, infecciosas e parasitárias. A hegemonia da interpretação mágico-religiosa não impediu o desenvolvimento da observação e da prática empírica, cuja acumulação resultou em sistemas teóricos empiricistas vinculados a uma concepção dinâmica da causalidade, identificável nas antigas medicinas hindu e chinesa (FACCHINI, 1994). Nelas a doença era vista como o produto do desequilíbrio ou desarmonia entre os princípios ou forças básicas da vida, mas compreendia também a busca do reequilíbrio. Há, por assim dizer, uma naturalização da doença em que o ser humano deixa de ter papel passivo, podendo ativamente buscar diferentes procedimentos terapêuticos para a restauração de suas forças vitais.
Hipócrates, considerado o pai da medicina moderna, reconhecia a doença como parte da natureza, dando prosseguimento à vertente dinâmica, no processo gradual de transição da