Atualiades
Sobre a ideia de emergência em Lukács e Bhaskar: para uma defesa da historicidade das estruturas sociais
Rodrigo Delpupo Monfardini*
Introdução A teoria social fundamentada na teoria marxista sempre está em embate com correntes teóricas que negam, de modo explícito ou velado, a historicidade no mundo social. E as teorias que negam a historicidade são dominantes em todas as ciências da sociedade. Podemos afirmar todas, sem perigo de erro, pois são dominantes as teorias que refletem a visão de mundo dominante. E na sociedade capitalista são dominantes as ideias que afirmam a perenidade do capital, sua insuperabilidade. Em suma, são dominantes as teorias que negam a história. Por meio de um argumento filosófico é possível demonstrar a historicidade das estruturas sociais e, por meio dessa demonstração, oferecer uma base mais sólida para a defesa da história. Um argumento filosófico é necessário visto que o estudo das diversas sociedades, se feito de modo desprovido de uma explícita teoria a respeito do seu desenvolvimento, não é capaz de mostrar a sua historicidade. O estudo da sucessão de acontecimentos não dá de imediato o seu caráter histórico. Onde teóricos do campo marxista vêem sociedades com formas de sociabilidade distintas, teóricos da ortodoxia da ciência econômica, por exemplo, vêem sociedades que estão dentro de uma trajetória de desenvolvimento rumo a uma sociedade de maior consumo e baseada no mercado1. Sociedades que, evidentemente, podem estar seguindo em direção a esse ponto final da
Mestrando em economia da Universidade Federal Fluminense e membro do grupo de pesquisa Teoria Social e Crítica Ontológica (UFF). E-mail: rodrigodelpupo@gmail.com Em economia há vários exemplos. Rostow, por exemplo, em um livro de nome sugestivo, Etapas do desenvolvimento econômico, afirma que as sociedades passam por cinco etapas, sendo a última, a era de consumo de massas (a sociedade