Historiador
A situação do nordeste no final do século XIX era de fome seca e total falta de apoio político. A violência e o desemprego também assolavam a região fazendo com que as condições de vida fossem precárias. A total falta de interesse dos governantes políticos em resolver os problemas das populações carentes fazia com que a situação dos sertanejos fosse cada vez mais agravada com o crescimento da violência, onde era comum a formação de bandos comandado por latifundiários que espalhavam terror e violência por toda parte da região. Neste contexto de miserabilidade os sertanejos se apoiavam na religião, principalmente o catolicismo. O uso da fé trazia esperança de dias melhores e assim surgiam muitos fanáticos religiosos e era comum a existência de beatos que reunião muitos seguidores com a promessa de uma vida melhor. O beato desempenhava o papel do missionário, sem, no entanto, ter qualquer vinculo institucional com a igreja. A presença do beato também não modificava o ritmo de vida da comunidade, pois a sua pregação é compatível com o cotidiano e a vida do sertanejo. Ao contrario do missionário que é uma presença estranha na comunidade, usa linguagem e exemplos e causam estranheza para a população. O beato, no entanto, é um sertanejo que vive os problemas e prega uma religião mais palpável e contextualizada. “Para o sertanejo, a religião não é apenas um instrumento de transformação social, mas a fonte transformadora de um mundo novo.” (Villa, 1997, pg. 39)
A igreja católica tenta de todas as formas controlar os fieis e sua fé através da liturgia ritualística e a maneira demarcada de cultuar. Entretanto, a fé mística, como a dos beatos, é uma dura critica a trivialidade dos rituais e sacramentos. Na busca de Deus o fiel encontra na igreja institucionalizada um obstáculo para a salvação e encontra no beato ou no Santo da terra peculiaridades e semelhanças que os aproxima de Deus.
“O catolicismo oficial, controlado