historia
As palavras, para o historiador, são sempre problemáticas. Como explicar o passado com palavras que não soem estranhas e pedantes aos não especialistas e que ao mesmo tempo, sendo simples e de uso comum, não desvirtuem as realidades históricas? Essa é uma questão concreta quando pretendemos estudar o "feudalismo", termo aparecido apenas no século XVII, muito tempo depois do momento histórico que ele devia designar. Melhor que essa expressão tornada clássica, seria então empregar “regime feudal”, “sistema feudal”,
“modo de produção feudal”, “civilização feudal”, “sociedade feudal” ou alguma outra que se propusesse? Possivelmente, mas isso implicaria justificar a escolha, nos afastando assim dos objetivos desta Coleção. Aqui e agora, mais importante do que discutir metodologias e suas diferentes visões sobre este ou aquele ponto é tentar compreender o que havia de fundamental naquela realidade histórica conhecida por Feudalismo.
Portanto, nosso primeiro passo deve ser delimitar o que queremos estudar. No espaço: Europa Ocidental, deixando de lado a discussão sobre a analogia com outras regiões.
No tempo: séculos X-XIII, retrocedendo e avançando um pouco para vermos a formação e desestruturação do Feudalismo. Assim, temos pela frente uma vastidão territorial (dois milhões de km2) e temporal (400 anos) nas quais não se pode logicamente pensar em encontrar algo idêntico e imutável. Levando-se esse aspecto em consideração, seria talvez mais correto que os rótulos estivessem no plural (“sociedades feudais”, “modos de produção feudais” etc.). Por outro lado, não se pode negar que naqueles limites geográficos e cronológicos houvesse, no essencial, uma unidade de estruturas e uma evolução semelhante.
Dessa forma, preocupando-nos pouco com especificidades regionais, examinaremos o
Feudalismo no que ele apresentava de mais profundo, de mais estrutural. Procuraremos vê-lo como uma formação social surgida das novas condições decorrentes do