historia
aimon, o mago, se sentou nos ladrilhos estilhaçados do chão em meio aos escombros antigos. Dos bolsos de seu manto, ele sacou um punhado de milho moído e um quebradiço pergaminho de pele de cabra. Ele desdobrou o pergaminho, o repousou no chão e, por sobre ele, espalhou o milho esmagado, que reluzia a vermelhidão agonizante do sol poente que entrava pela porta de pedra entreaberta.
— Dê-me a corda — exigiu Daimon.
E Eliakin obedeceu prontamente.
Era uma corda de cânhamo grosso e áspero. O mago deu um nó em sua ponta, inscreveu alguns padrões no laço com os dedos sujos de milho e começou a entoar cânticos ululantes.
Imerso num transe ritual, Daimon repousou a ponta amarrada da corda por sobre a pele de cabra e a embrulhou ao redor do nó. O mago manteve as mãos fechadas ao redor do pergaminho e do nó enquanto entoava as palavras de seu ritual, enquanto o pó de milho escorria por entre seus dedos.
A língua ancestral dos dragões preenchia o crepúsculo sombrio, e toda Faerûn pareceu prender a respiração naquele instante de magia. Eliakin fitava, atônito, o feitiço ser urdido, e Arumbar se admirava com o domínio da Arte. Ragnar levou a mão ao cabo de seu machado instintivamente, para evitar o mal presente naquela bruxaria, mas a verdade é que estava igualmente impressionado.
Os cânticos de Daimon se elevaram, desceram, oscilaram, e, enfim, o mago soltou o nó embrulhado, que flutuou no ar envolto numa aura dourada que iluminava seu rosto.
— Está feito — disse Daimon ao abrir os olhos, incapaz de esconder o orgulho que sentia por seu feito.
— Bom truque, bruxo — cuspiu Ragnar de má vontade.
— Impressionante — anuiu Arumbar segurando o símbolo de Lathander.
O mago então se levantou lenta e cuidadosamente, como se temesse quebrar o feitiço delicado, sinalizou para que todos se afastassem um passo e fez um gesto gracioso com as mãos.
Em resposta àquele gesto, a aura dourada que escapava do pergaminho envolto no nó pulsou e começou a se erguer. A