Historia
O modelo interpretativo proposto por Caio Prado Jr. em sua obra Formação do Brasil contemporâneo exerce forte influência até hoje na historiografia sobre o período colonial brasileiro. Sua influência se exerce tanto naqueles que procuram manter a idéia do "sentido da colonização", vendo a colônia como uma sociedade cuja estrutura e funcionamento foram determinados pelo comércio externo e, portanto, como um mero empreendimento a serviço do capital comercial europeu, quanto naqueles que, buscando criticar tal visão e defendendo uma autonomia da dinâmica interna à colônia, vêem-se obrigados a discutir o modelo pradiano e seus desenvolvimentos posteriores, usando-o como ponto de partida das suas críticas.
O objetivo do presente trabalho é discutir as linhas principais da historiografia sobre o período colonial brasileiro que surgiram a partir do modelo pradiano e, a partir da análise dos seus fundamentos metodológicos, fazer uma avaliação do poder explicativo e adequação dos modelos propostos.
Nesta historiografia, sabe-se que a maioria dos autores buscou analisar a realidade colonial brasileira com base nos conceitos desenvolvidos por Marx, ou seja, na linha do Materialismo Histórico, e Caio Prado Jr. foi pioneiro na aplicação do materialismo histórico à realidade brasileira. Entretanto, apesar de aparentemente partirem de uma mesma concepção teórica, tais autores chegam a resultados muito diferentes. Tais diferenças, como buscaremos defender neste trabalho, decorrem principalmente das diferentes leituras da obra de Marx, e são de fundo metodológico. Desta forma, torna-se necessário compreender as diferentes leituras de Marx que foram feitas pelos autores do debate, explicitando os aspectos metodológicos dessas leituras.
Partindo dos estudos desenvolvidos em outro trabalho (Teixeira, 2003),1 daremos destaque à tensão existente entre três visões da teoria do conhecimento em ciências sociais: o positivismo (e também o estruturalismo), com a sua busca de