historia da sociedade
A família de Margaret foi para as ruas do Rio de Janeiro, em 1981, quando seu pai foi embora.
"Minha mãe não tinha como sustentar a gente. Éramos quatro meninas.
Vendíamos doces nas ruas. Um dia nós quatro não conseguimos dinheiro com as vendas. Minha mãe decidiu que deveríamos dormir onde estávamos.
Ficamos ali para fazer mais dinheiro. Quando voltamos, a casa estava toda quebrada. Desde aquele dia, ficamos na rua. "
"Então minha mãe teve mais um filho, quando morávamos na rua. Veio mais uma menina. Minha mãe ficou doente depois do parto. Foi embora com o bebê.
Ela me deixou para cuidar de minhas irmãs. Só reencontramos ela três anos depois. "
"Algumas de minhas colegas nas ruas foram violentadas por policiais. Nunca aconteceu comigo porque eu não sou uma menina de rua. A melhor coisa do mundo é estar junto de sua mãe. Nós podemos ter frio ou fome, mas quando estamos junto da mãe, estamos protegidos. "
Margaret tinha seis anos quando sua família foi para a rua. Aos doze anos, ela ouviu falar de um programa para crianças de rua, oferecido pela Associação
Beneficente São Martinho, ligada à Igreja Católica.
"Eu queria ser ajudada. Lutei para ganhar atenção e assistência. Nas ruas não havia nada legal. Só conheci coisas legais quando vim para essa instituição. "
Ela prosperou. Quando atingiu os dezesseis anos já se preparava para trabalhar com crianças de rua. Conseguiu ajuda para ter uma casa, onde vive com sua mãe e irmãs.
Depoimento para um relatório ao Unicef (Fundo das Nações Unidas para a
Infância), de 1990, sobre meninos de rua.