Histórias culturas e sociedades
É comum ouvirmos falar em história, cultura e sociedade, assim, no singular. Como se existisse somente uma história, normalmente aquela encontrada nos livros clássicos; uma única cultura, nesse caso criam um estereótipo, um imaginário dos indivíduos que habitam determinado lugar; e, apenas uma sociedade, como se não vivêssemos separados por vários tipos de classes sociais, culturais, econômicas etc.
No livro “Palavras-chaves” de Raymond Williams, é possível observar a concepção desses três termos, entretanto o significado de cada um foi se modificando ao longo do tempo para atender as necessidades da sociedade. A palavra história, com o autodesenvolvimento humano, perde sua ligação com o passado e uni-se não somente com o presente, mas também ao futuro. A palavra cultura, “descreve as obras e as práticas da atividade intelectual e, particularmente, artística. Com frequência, esse parece ser hoje o sentido mais difundido: cultura é música, literatura, pintura, escultura, teatro e cinema.”. E, a palavra sociedade passou a ser “uma associação de homens livres, baseada em todos os primeiros sentidos ativos”, sociedade também pode ser entendida como “companheirismo ativo dos membros de uma classe” (comunidade).
No documentário “O perigo de uma única história” narrado pela escritora nigeriana Chimamanda Adichie, percebe-se que também é impossível falar de história no singular, uma vez que existem várias histórias sobre um mesmo assunto. “Comece uma história com as flechas dos nativos americanos e não com a chegada dos britânicos e você tem uma história totalmente diferente.” A escritora ainda diz que a história única, normalmente, é determinada por aquela pessoa que possui mais poder, por isso, é possível observar que nos livros de história só vemos o “lado bom” da colonização, pois quem a contou foram os colonizadores e não os colonizados.
Segundo Alfredo Bosi, ao falar em cultura o singular é inaceitável, ainda mais vivendo em