historia ambiental
da história ambiental
José Augusto Pádua
“Lucien Febvre costumava dizer: ‘a história é o homem’.
Eu, por outro lado, digo: a história é o homem e tudo mais.
Tudo é história: solo, clima, movimentos geológicos.”
(Fernand Braudel apud Moore, 2003, p.431)
A
Vozes da rua e mudanças epistemológicas
história ambiental, como campo historiográfico consciente de si mesmo e crescentemente institucionalizado na academia de diferentes países, começou a estruturar-se no início da década de 1970. A primeira sociedade científica voltada para esse tipo de investigação, a American Society for Environmental Histoy, foi criada em 1977. A publicação de análises substantivamente histórico-ambientais, no entanto, algo bem diferente da simples proposição de influências naturais na história humana, já vinha se delineando desde a primeira metade do século XX e, em certa medida, desde o século XIX. Para refletir sobre a gênese e evolução desse campo de conhecimento, é preciso levar em conta fatores sociológicos e epistemológicos.
O primeiro curso universitário1 de maior repercussão com o título de “História ambiental” foi ministrado em 1972, na Universidade da Califórnia em Santa
Bárbara, pelo historiador cultural Roderick Nash, que em 1967 havia publicado o livro Wilderness and the American Mind, um clássico sobre a presença da imagem de vida selvagem na construção das ideias sobre identidade nacional norte-americana. Ao explicar a concepção do curso, apresentado como indicador de uma nova fronteira no ensino da História, o autor deixou explícito que estava também
“respondendo aos clamores por responsabilidade ambiental que atingiram um crescendo nos primeiros meses daquele ano” (Nash, 1972).2 Ou seja, a “voz das ruas” teve importância na formalização da história ambiental. Um fator sociológico que pode ser inferido de vários outros depoimentos.
É verdade que muitos historiadores ambientais se sentem desconfortáveis com a presença desse