Hipercolesterolemia Familiar 1
Caso clínico:
L.L., um poeta franco-canadense de 45 anos de idade até então saudável, foi admitido na emergência por infarto do miocárdio. Ele possuía um pequeno xantoma em seu tendão-de-Aquiles direito. Seu irmão também tinha doença arterial coronariana
(CAD); sua mãe, avó materna e dois tios maternos morreram de CAD. Além da história familiar e do sexo, seus fatores de risco para CAD e aterosclerose incluíam um nível elevado de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), leve obesidade, inatividade física e tabagismo. Com base e, sua história familiar, acreditava-se que L.L. possuía uma forma autossômica dominante de hipercolesterolemia. Suspeita confirmada, análises moleculares revelaram que ele era heterozigoto para uma deleção na terminação 5’ do gene para o receptor de LDL
(LDLR), uma mutação encontrada em 59% dos franco-canadenses com hipercolesterolemia familiar. O mapeamento de seus filhos revelou que 2 das 3 crianças apresentavam níveis elevados de colesterol LDL. O cardiologista explicou a
L.L. que, além de terapia medicamentosa, o tratamento eficaz de sua CAD necessitava de mudanças nutricionais e em seu estilo de vida, como uma alimentação pobre em gordura saturada e pobre em colesterol, maior atividade física, perda de peso e cessação do tabagismo. L.L. não aderiu ao tratamento e à dieta e morreu um ano depois, de infarto do miocárdio.
Histórico:
Em meados do século XVIII foi relatado pela primeira vez casos de morte súbita em portadores de xantomas.
Muller, em 1938 observou que a associação de hipercolesterolemia, xantomas e manifestações de CAD eram achados comuns em algumas famílias e herdados como um traço dominante.
Cerca de 50 anos mais tarde, Brown e Goldstein ao estudarem pacientes e culturas de células, identificaram o defeito na internalização da LDL ligada ao seu receptor. Em 1983, esse gene foi clonado e mapeado no braço curto do cromossomo 19, sendo denominado então gene do