Heterónimos de Fernando Pessoa
Alberto Caeiro apresenta-se como “um simples guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade com a qual contacta a todo o momento.
Poeta do olhar, procura ver as coisas como elas são, sem lhes atribuir significados ou sentimentos humanos. Considera que “pensar é estar doente dos olhos”, pois as coisas são como são. Não lhe interessa o que se encontra por trás das coisas. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. O pensamento gera infelicidade e só falsifica as coisas. Pensar é alterar o mundo;
Caeiro constrói uma poesia de sensações, apreciando-as como boas por serem naturais. Para ele, o pensamento apenas falsifica o que os sentidos captam. É um sensacionista. Afirma-se, o poeta da Natureza.
Viveu quase toda a sua vida no campo, não teve profissão nem educação.
Rejeita qualquer crença ou simbologia pois os conceitos esvaziam o sentido das coisas;
Poeta da simplicidade completa e da clareza total, que representa a reconstrução integral do paganismo, descrevendo o mundo sem pensar nele;
Para ele é preciso aprender a não pensar, libertando-se de tudo o que possa perturbar a apreensão objetiva e limpa da realidade concreta, tendo de fazer uma “aprendizagem de desaprender”;
O “puro sentir”, nomeadamente através da visão, constitui a verdadeira vida para Alberto Caeiro, que saúda o breve e transitório, pois na Natureza tudo muda;
Aprecia as coisas tais como são só lhe interessando viver o mundo através da captação das sensações;
O mundo existe e, por isso, basta experimentá-lo através dos sentidos, nomeadamente através da visão. Ver é compreender. Tentar compreender pelo pensamento, é não saber ver. Vê com os olhos e não com a mente;
Não se importa em saber o que é a Natureza, mas em amá-la por ela mesma. Vê a Natureza na sua constante renovação e crê na “eterna novidade das coisas”.
A sua inocência permite-lhe saber ver sem criar abstrações ou formular conceitos;