Fernando pessoa e seu heterônimos
Poeta português que, enquanto vivo, só foi devidamente apreciado por muitos poucos, mas que vem ganhando, depois de sua morte, um prestígio que aumenta dia-a-dia, até ser hoje considerado o maior poeta português deste século e um dos maiores nomes da poesia universal da época presente. Nasceu em Lisboa, no Largo de São Carmo, entre um teatro e a Igreja dos Mártires, filho de modesto funcionário. Aos cinco anos, perdeu o pai, vítima da tuberculose pulmonar. Pouco depois, morre-lhe o único irmão. Em 30 de dezembro de 1895, sua mãe casou-se novamente, transferindo-se para Durban (África), para onde leva o filho. Esta partida de Lisboa será evocada mais tarde: “Ah, todo cais é uma suadade de pedra!” Anos depois, fez uma série de viagens, entre a África e Lisboa, sozinho ou com familiares. Em 1907, Fernando Pessoa escreve no seu diário: “Não tenho ninguém em quem confiar. A minha família não entende nada (...) Não tenho verdadeiramente amigos íntimos (...) Sou tímido e tenho repugnância de dar a cinhecer as minhas angústias.” Definitivamente em Portugal, aproximou-se dos autores que ainda desconhecia, pois até então estava mais familiarizado com a literatura inglesa. Aliás, nessa língua escreveu “35 Sonnets” (1918), o único livro publicado anteriormente a “Mensagem”, que editou a instâncias de miagos, para concorrer a um prêmio literário. Perdeu o concurso (2º lugar) e não editou outro livro até o final da vida. Podem admitir-se como inteiramente justas as razões dessa indiferença, dadas em 1928 pelo poeta, ao alegar que não havia público para os seus versos. Embora tenha espalhado, durante muitos anos, em revistas e jornais, boa parte do que escrevia, só com a publicação das “Obras Completas” (8 vol., 1942-1956, em curso de publicação) foi que o grande público percebeu a extraordinária e complexa riqueza da obra de Pessoa. E, embora isso não pareça conter, por si só, um valor especificamente poético, deve-se considerar