Hermenêutica e teologia
“Qui est veritas?” Quem assistiu ao filme A Paixão de Cristo, do diretor Mel Gibson, deve ter percebido que esta pergunta, feita pela personagem Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, cena baseada em Jo 18,38, remete, na espera de sua resposta, a um misterioso silêncio. O que é a verdade? Seria realmente um profundo silêncio? Ao longo dos séculos, muitos pensadores tentaram dar respostas, querendo preencher o referido silêncio. Ou seja, a busca pela verdade é um grande processo tido ao longo da História, que envolveu as religiões, as ciências, a Filosofia, a Teologia, e tantas outras formas utilizadas pelo ser humano para construir o conhecimento e as civilizações[1]. O modo de interpretar a verdade foi um grande combate para o pensamento humano. As relações hermenêuticas que daí surgiram, principalmente no campo da religião, não só trouxeram problemas no âmbito da própria interpretação como nos campos morais da vida prática. Aqui cabe como uma amostragem dessas relações entre a disciplina hermenêutica e a disciplina teologia, sem ter a pretensão de se tornar um discurso teológico. O mote centrar é a interpretação oriunda da vida e configurada como uma busca pela verdade. O diálogo entre os autores filosóficos e teológicos é deveras necessário para a compreensão da dimensão abrangente que o tema trata.
A dimensão de vivência teológica
As dimensões da vida humana requerem um parêntese que é a dimensão histórica. A dimensão de vivência, por mais que possa ser colocada como abertura ao infinito[2], a partir da abstração da realidade, requer um tratamento especial, pois pressupõe as demais dimensões, às quais acrescenta um novo elemento. Não há como fazer hermenêutica esquecendo essa dimensão. O novo elemento acima citado só é plenamente desenvolvido mediante os processos da vida. Mas os próprios processos da vida são dirigidos horizontalmente, atualizando a dimensão histórica de forma antecipada. Essa