Fichamento do livro arquétipos literários - meletinski

MELETINSKI, E. M. “As transformações dos arquétipos na literatura russa clássica: cosmo e caos, herói e anti-herói.” In: Os Arquétipos Literários. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

A literatura clássica russa constitui-se no século XIX e para a literatura do século XIX ela é a mais representativa. Dessa forma, também o destino dos arquétipos literários no século XIX pode ser desvelado nos textos da literatura russa, tanto mais que os próprios escritores russos, via de regra, tem a preocupação de abarcar os problemas ligados à concepção do mundo, de modo muito mais amplo do que seus colegas da Europa Ocidental, numa abrangência comparável à dimensão mitológica dos arquétipos. [Pagina 171]

O fundador universalmente reconhecido da literatura clássica russa do século XIX é A. S. Puchkin. Que em sua obra fez como que um balanço do desenvolvimento da literatura ocidental do Renascimento até o Romantismo e abriu caminho para a literatura russa clássica, lançando as bases da sua língua poética, no sentido mais amplo do termo, indo muito mais além do seu nível puramente estilístico na esfera da semântica, do enredo, do sistema de imagens, dos estereótipos ideológicos. [Página 172]

Daí decorre que aquele período pós-medieval do desenvolvimento literário comum a toda Europa, ao qual aderiu Puchkin, caracterizou-se, particularmente, por uma tendência à desmitologização e a um afastamento gradual dos temas tradicionais. [...] Puchkin, em maior medida, orientava-se a partir dos românticos de tipo “individualista” – ingleses e franceses. Por isso, as imagens e os conceitos arquetípicos, que apresentam em Puchkin um aspecto transformado ao máximo, são extremamente complexos, individualizados, carregados de ironia. [Pagina 172]

Voltando-se aos temas tradicionais do folclore e do romance de cavalaria [...], Puchkin propõe um jogo irônico com os motivos tradicionais e com os clichês estilísticos. Em seguida ele utiliza de forma livre e original, transforma de