Herança de diferenciação e futuro de fragmentação
Herança de diferenciação e futuro de fragmentação
TÂNIA BACELAR DE ARAÚJO observa-se o Nordeste do Brasil por sua economia, enfocando-se suas características principais, tendências atuais e perspectivas econômicas, analisando-se ainda sua inserção nos contextos nacional e mundial.
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ESTE ARTIGO ,
O Nordeste aqui considerado congrega os estados que vão do Maranhão à
Bahia, diferindo da classificação feita pela Sudene que inclui parte do estado de
Minas Gerais (região polarizada de Montes Claros).
Apresenta-se inicialmente sucinta descrição da dinâmica geral das atividades econômicas: a região será abordada em seu conjunto, utilizando-se portanto dados globais referentes, em sua grande maioria, ao total regional. Num segundo momento, a análise será feita com referência às diferenciações existentes dentro da própria região Nordeste, destacando-se os novos subespaços dinâmicos e os focos de resistência a mudanças. A heterogeneidade e a complexidade da dinâmica nordestina aparecerão, então, com maior clareza.
Esforço especial será dedicado à observação das mais importantes articulações econômicas regionais e sub-regionais. O Nordeste e seus subespaços serão percebidos, assim, em suas tendências de ligações com o exterior e com as demais regiões do próprio Brasil. Serão analisados ainda os movimentos de mercadorias e de capitais focalizando-se as décadas de 60, 70 e 80.
Concluir-se-á com uma reflexão sobre as tendências atuais da economia nordestina e os primeiros impactos da opção brasileira por uma inserção passiva no mercado mundial em globalização. Finalmente, especular-se-á sobre a hipótese do aprofundamento das diferenciações e desigualdades internas. Daí a questão posta no título do artigo: o rumo será o da fragmentação?
Caracterização inicial
Na região Nordeste (20% do território brasileiro) vivem 29% da população do país. Originam-se, aproximadamente, 14% da produção nacional total (medida pelo PIB), 12% da