Helder
ARANHA, M. e MARTINS, M. Temas de filosofia. 2 ed., São Paulo: Moderna, 1998.
Discutir o ensino da filosofia pressupõe definir o papel que ela representa na formação do educando, explicitando inclusive se deve estar incluída no currículo de alguns cursos apenas ou se estende sua aprendizagem a todos os alunos.
Segundo Gramsci, todos os seres humanos, sob certo aspecto, são filósofos. Ou seja, a maioria das pessoas não se ocupa com os assuntos que interessam exclusivamente aos especialistas de áreas como química, matemática, geografia, entre outras, mas o mesmo não acontece quando o assunto é a filosofia. Isso porque, ainda que existam filósofos especialistas, não se pode pensar em pessoa alguma que não seja de certa forma filósofo empírico: porque o ser humano vive dando sentido às coisas e, diante dos problemas apresentados pelo existir, tende para a reflexão, a não ser que tenha sido artificialmente impedido de exercitá-la.
Todo ser humano tem (ou deveria ter...) uma concepção de mundo, uma linha de conduta moral e política e é capaz de examinar sua maneira de agir e pensar para mantê-la ou modificá-la. Ainda segundo Gramsci, o filósofo empírico se distingue do especialista porque: “O filósofo profissional ou técnico não só pensa com maior rigor lógico, com maior coerência, com maior espírito de sistema, do que os outros homens, mas conhece toda a história do pensamento, isto é, sabe quais as razões do desenvolvimento que o pensamento sofreu até ele e está em condições de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, após terem sofrido a mais alta tentativa de solução”.
Apesar dessa diferença, parece evidente que a filosofia deveria ser assunto para todo estudante, de qualquer curso, independentemente de suas futuras escolhas profissionais (e até por isso mesmo...). Afinal, um curso de filosofia não tem por objetivo principal despertar futuros filósofos especialistas, mas dar condições para