Heitor Frugoli Jr
Heitor Frúgoli Jr.
Professor do Departamento de Antropologia – USP
RESUMO: O artigo aborda temas em torno da dimensão urbana na antropologia, explorando diálogos de fronteira entre tal disciplina e a sociologia em três momentos específicos: o primeiro sobre as décadas iniciais da Escola de Chicago, época de definição de uma pauta de pesquisas etnográficas sobre a cidade e a cultura urbana, com investigações pioneiras sobre a segregação socioespacial, com ênfase no conceito de gueto; no segundo, analisam-se interfaces entre a antropologia e a sociologia urbanas em São Paulo, nas décadas de 1970 e 1980, em torno do tema da periferia, com a produção de pesquisas marcadas pela polarização entre os conceitos de cultura e ideologia; finalmente, enfocam-se desafios contemporâneos à antropologia urbana, buscando-se retomar tópicos de um diálogo disciplinar que ocorre apenas implicitamente, bem como reaver o tema da periferia, tendo em vista fenômenos recentes que implicam tomá-la simultaneamente como espacialidade, processo e conjunto polifônico de representações nativas.
PALAVRAS-CHAVE: antropologia urbana, sociologia urbana, diálogos de fronteira, segregação socioespacial.
HEITOR FRÚGOLI JR. O URBANO EM QUESTÃO NA ANTROPOLOGIA...
Teoria e etnografia na Escola de Chicago: relações entre sociologia e antropologia
Dentre os objetivos do presente artigo, o principal é articular reflexões sobre as especificidades da dimensão urbana na antropologia, dialogando com uma certa tradição nesse campo, na direção de uma pretendida antropologia da cidade, e não apenas na cidade.2 Nesse sentido, refirome principalmente às abordagens que tomam a cidade ou o contexto urbano como tema substancial da reflexão, não bastando, portanto, que apenas digam respeito a quaisquer fenômenos que ocorram dentro da esfera urbana.3
Parte da formação e de certos desdobramentos do campo da antropologia urbana pode ser compreendida mais